quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Berlin - Jerusalém: Diário #10


15.12.11


O dia começou com um café da manha fantástico, Tolga preparou uma tortilha, azeitonas, chá, queijos, damascos e tâmaras secas, pão, mel e uma manteiga que parece queijo ou queijo que parece manteiga, e claro, café turco!

Saí pra cumprir meus deveres como turista. Tomei o metro, funicular, bonde e depois de 40 minutos estava em frente ao bazar central na Istambul Antiga. Um lugar coberto com inúmeros corredores e lojas em que se pode encontrar de tudo, mas predominante mesmo eram joalherias. A galera curti mesmo um ouro por aqui. Outra coisa que chama muito a atenção são as luminárias. Andei, me perdi, me achei algumas vezes. Foi bem interessante pra ser sincero.


De lá parti para a Mesquita Azul. No caminho eu descobri por que essa Istambul é a cidade dos gatos. Eles estão por todos os lados e todos gordos! A mesquita é gigante e não cabe no quadro da minha câmera. Dei uma volta pelo prédio até que consegui entrar. Lá, todos sem sapatos e entrada franca, bem diferente das igrejas católicas. O chão é todo coberto de tapete, tudo com o mesmo padrão. Na parte interna um silencio pacificador, luzes amarelas e baixas, as paredes todas pintadas com os texturas típicas que demonstram a ligação forte que essa religião tem com a matemática. Sinceramente? Me agradou muito mais que as igrejas que eu conheci.


 Encontrei com Tolga no começo da noite para jantarmos na cidade e darmos uma volta por Taksim. Mais risadas, futebol, mulheres (é sempre importante saber como essa raça funciona ao redor do mundo), cerveja com café e assim foi a prosa. O rolê no centro foi longo, por que existem várias ruas lotadas de bares e clubs nessa área. Noite agitada assim só no Brasil mesmo. Não paramos em nenhum, ambos cansados. Casa, banho e cama!

16.12.11


Tolga poderia me hospedar só por duas noites, então logo tratei de arrumar um hostel pela manha. Achei um que chama “SEI LA O QUE CATS”. Quando chego no local, por volta de meio dia, tinha uns 5 gatos na recepção. Isso mesmo, tem gato pra todos os lados no hostel, com exceção do meu quarto. 7 euros, eu estava querendo barato, não bom.


Um dia chuvoso que estava meio gripado e acabei ficando no hostel mesmo. Saí por pouco mais de 1hora para ir ao Bazar de especiarias e comprar uns presentes.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Berlin - Jerusalém: Diário #9 Trollada na Turquia


13.12.11


Cheguei 6 horas da matina num hostel , que paguei 20 euros por um banho e 3 horas de sono, mas quem está desesperado não escolhe preço. Eu estava completamente cansado, não dormi na volta até Budapeste e andei mais de 1 hora até achar um lugar pra ficar.
A única coisa importante dessa data foi que tracei minha rota até Istambul. Ficaria muito mais barato ir pra Monique de trem, isso mesmo, voltar pra Alemanha, e de tomar um voo para Turquia.

E assim foi feito, chegando à Bavária, encontrei novamente com meu camarada Fred. Passei a noite na casa dele e no dia seguinte parti para o limite entre a Europa e a Ásia.

14.12.11


Fiz um pedido de sofá no Couch Surfing no grupo URGENT COUCH ISTANBUL. Recebi o convite de um estudante de engenharia, Tolga, logo aceitei, já que o perfil dele me agradou. O problema é que a comunicação via CS é meio lenta, acabei pegando o avião sem todos os detalhes de como chegar à casa dele.

Primeira missão em solo asiático foi achar um ponto de internet, com muita dificuldade e ao custo de um cappuccino horroroso, consegui o telefone de Tolga.
O plano era ir até Taksim, o centro novo de Istambul e ligar para o simpático turco. Assim foi feito, tomei o shuttle, fiz a ligação e combinamos de encontrar na saída da estação de metrô próxima à casa dele.

Bem, antes começar mais uma das minhas grandes aventuras, vou fazer alguns comentários sobre a cidade.

É impressionante o tanto que a parte mais nova de Istambul é parecida com São Paulo, todos os prédios, anúncios, movimento, transito, até mesmo a organização e o urbanismo. Aqui eu finalmente realizei porque gosto tanto de Amsterdã e Berlin, são cidades com movimento, com pessoas nas ruas. Bem diferente de Budapeste, Cracovia, Stuttgart e Bratislava, por exemplo, nessas cidades você encontra movimento, mas em pontos específico, é uma sensação diferente. Não exatamente como definir isso, mas é notável.

Só para não esquecer, ponto para metrô e bondes daqui. Tudo muito novo, limpo, com sinalização em inglês, extremamente fácil de usar e se localizar. Eles têm até um funicular fazendo parte da malha. Pena que é igual no Brasil e você tem que pagar por cada trecho.

Voltando à peripécia, não sei já comentei isso, mas estou com alguns costumes germânicos. Como por exemplo, tomar cerveja praticamente todos os dias e achar que 5 minutos de atraso é uma eternidade. Vou sofrer por isso na terra onde cantam os sabiás, mas também paguei por isso aqui.

Após esperar por 10 minutos e nada de Tolga, parei uma garota que passava e pedi para ele ligar no celular do rapaz. Ela fez isso, entretanto ela não falava muito bem inglês.  A conversa entre eles fluiu e foi um pouco mais longa do que eu imaginava, após alguns minutos, ela estava com endereço dele na mão e me levou até um taxi. A turquinha negociou com o motorista e parti.

Andamos por cerca de 10 minutos e me parecia muito longe da estação, “por que essa cara me mandou praquela estação? isso aqui é longe de mais da conta!”. O dedicado taxista parava e perguntava pra todos o tal do endereço e nada. O bairro foi ficando cada vez mais, mais, digamos, “suspeito”. Eu tava muito nervoso a essa hora, imaginando onde que eu fui me enviar. O taxímetro andando, acrescendo valores e nada do lugar.

Chegou um momento que pedi para o motorista tentar ligar no celular de Tolga. Nada. Então, através de sinais, já que o taxista não falava nenhuma palavra em inglês, pedi para ele me levar de volta à estação, “vou atrás dum hostel, fdp esse Tolga!”. O turco insistiu em ligar mais uma vez, deu certo. A conversa entre os dois foi muito estranha, com umas risadas e caras assustadas. Finalmente passou o telefone para mim, segue um resumo da conversa:
-Cara, eu to aqui no meio de sei lá aonde, como chego na sua casa?
-Quem é você? Você é o cara que me ligou a 1h atrás? Alemão, loiro?
-Sou eu uai, pedi até pra uma menina te ligar.
-Menina? Tá doido, ninguém me ligou não.
-Ligou mofí! Ai você deu o endereço pra ela.

Bem, já deu pra ter uma noção do que rolou. Depois de muitos “WTF?!”, 25 minutos passeando de taxi e 40 reais, voltei pra a estação e encontrei Tolga.

Veja nossa versão da historia: A doida da menina ligou pro número errado, o louco do turco do outro lado da linha deu o endereço pra ela. COMO ASSIM? Uma pessoa te liga aleatoriamente pede o seu endereço e você simplesmente dá? Como a historia se encaixou, eu não tinha como duvidar.

Chegamos à casa de Tolga. Ele preparou o melhor shisha que eu já fumei na vida, usou até carvão de carvalho e um fumo artesanal com maçã. Todo processo demorou uns 30 minutos, fumamos e tomamos chá por mais de 2 horas, conversando sobre essa loucura que aconteceu, futebol, sobre o Brasil, sobre a Turquia, enfim, um rapaz muito simpático e hospitaleiro. Senti-me em casa.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Berlin - Jerusalém: Diário #8 AINDA NA HUNGRIA


12.12.11


Dia muito simples, levantar, comprar um imã de geladeira (encomenda do Sr. Schuery) e um gorro, depois ir para estação e pegar o trem pra Sofia.

Guarde na cabeça o fato que não tem como ir para à Bulgária da Hungria, de trem, sem passar pela Sérvia ou fazer uma trip de 33 horas pela Romênia.

Tudo com previsto, chego à estação e pimba! O trem para Belgrado estava atrasado 80min, sendo que eu tinha que fazer uma conexão de 1h lá, já era. Fui pra fila de bilhetes internacionais para devolver a cama que eu tinha reservado e comprar outra.

Mais de 1 hora de fila, fora que devolveram só 50% do dinheiro, o resto deve ir pra minha conta ou não. A atendente não falava inglês, então fui tudo na base da mimica e eu já de saco cheio de esperar tanto com aquele monte de bagagem e etc. Com muito custo consegui.

Voltei pro hostel e pedi para ficar lá até a hora do meu trem, a atendente muito “querida”, como dizem minhas amigas de POA, deixou. Na verdade ela ia fechar o hostel às 14hs porque não tinha nenhum hóspede, mas ficou comigo até às 21h30min, ela só me falou isso às 20h30min. Fiquei esse tempo todo sem fazer nada mesmo, tava cansado.

Deu tudo certinho e entrei no trem, uma cabine com três camas, me instalei. O controlador, um senhor simpático me passou certo medo, mandou eu trancar a porta e esconder dinheiro e laptop. Detalhe que meu ticket ficou com ele, fiquei bolado! Depois de escrever no diário consegui dormir.

Sou acordado por socos na porta por volta de 2 horas da matina, controle de fronteira da Hungria, “Tudo bem fióte, você esta saindo da União Europeia”.  Passam-se 15 minutos, socos na porta de novo, controle de fronteira da Sérvia “Tudo bem fióte, você está sendo deportado de volta para a União Europeia”.

Não há a possibilidade de um brasileiro entrar na Sérvia, não há acordo diplomático entre os países. Na hora que me mandaram arrumar minhas malas e não me devolveram o passaporte, FODEU! Já tava pensando no meu depoimento para o programa “Férias na Prisão” do National Geografic Channel. Foram relativamente simpáticos, tentei explicar que estava só de passagem, que ia para a Bulgária e etc. Nã na ni na não! Você não vai entrar no GLORIOSO ESTADO DA SERVIA! LOCAL EM QUE TODAS AS PESSOAS DO MUNDO ESTAO LOUCAS PARA VISITAR! Pra ser honesto, eu até fui ao consulado Sérvio em Stuttgart pra tentar o visto.

Na sua cabeça está a seguinte pergunta “Oh animal de teta, se você não tinha o carai do visto, foi fazê o que lá?”. Como eu disse, ou era assim ou 33 horas pela Romênia. Achei que mostrando a passagem para Bulgária poderia passar, tipo avião, era só escala. Tamanha inocência a minha. No meu ticket, tenho direito a 10 dias de viagem, gastei um nessa tentativa, tenho sobrando.

Agora a outra pergunta é: “E ai? O que rolou? Você tá postando isso duma prisão sérvia? Uma das que o Slobodam Milosevit (sei lá como escreve), o carniceiro dos Balcãs, usava pra torturar a galera?”. Para sua felicidade e, muito mais para a minha, não, eu não fui preso.

Simplesmente me colocaram num trem de volta pra Budapeste, local onde escrevo nesse momento.

Amanhã vou procurar um avião direto para Istambul, já tinha desistido mesmo de ir pra Romênia, agora vou fica sem ir pra Bulgária.

Confesso que faltou planejamento da minha parte pra essa perna da viagem, acho que me acostumei com a Europa Ocidental, onde se locomover é relativamente simples e não cogitei que seria tão complicado sair da Hungria.

Berlin - Jerusalém: Diário #7


11.12.11


Budapeste é definitivamente a cidade mais bonita que eu conheci até agora. As construções são gigantes, estão por toda parte, num estilo bem menos medieval que Praga. As ruas são espaçosas com grandes praças, mas sofre com o mesmo problema que percebi em todas as cidades da antiga URSS, tudo sujo.



Quando eu falo sujo é uma impressão de encardido, as casas, os trens, os prédios públicos, tudo precisa de uma boa mão de tinta. Pintor aqui ou é rico ou é inexistente. A sensação que passa é que falta cor, fica tudo muito acinzentado. Dá a sensação que esses lugares já tiveram dias melhores ou é somente o jeito comunista de ser.

Falando do Café Parisi, é um café conjunto com uma livraria enorme. É muito antigo e tem papel importante no ultrarromantismo Húngaro, pois lá era o local que os escritores se encontravam. Passavam o dia inteiro nesse lugar, tomando café, comendo, se embebedando e escrevendo. Conta-se que só iam para casa para dormir, se não desmaiassem bêbados antes disso. 



O lugar tem um teto lindo com pinturas e decorações douradas, um pé direito enorme e grandes espelhos nas paredes. Em na ultima vez que estive lá era noite e havia um pianista tocando para os clientes. Preço? Você deve estar achando que é uma fortuna, certo? Que tal um Cappuccino e dois croissant por 2 euros? É isso que se paga.



O nome Budapeste vem da soma do nome de duas cidades, Buda e Peste. O rio Danúbio, que corta a cidade, costuma congelar, entretanto perto de uma montanha dentro da cidade de Buda e às margens do rio, isso nunca acontece. Tal fenômeno ocorre devido as fontes termais dentro dessa colina, assim era a única local de cruzar o rio na época de frio. Essa travessia se chamava Peste, que significa forno em húngaro, daí veio o nome da cidade do outro lado do rio.

Buda é a área nobre, onde fica o castelo, toda a vila da aristocracia e a igreja de Matthias, com uma estátua de St. Steven, primeiro rei da Hungria e foi canonizado. Essa igreja e seus arredores me chamou muito a atenção, para os nerds de plantão só faltou o Gandalf passar no cavalo branco, porque é idêntico aos pátios de Minas Trith, a grande cidade branca de Gondor.



A melhor vista da cidade fica no alto da Gerard Hill, a cidade parece uma pintura vista lá do alto, especialmente durante a noite. Para ir a pé há uma boa subida entre escadas e trilhas. Subi por esse caminho ainda dia, mas não tive coragem de fazer o mesmo de noite, dei uma grande volta e usei a rota dos carros.
Tem ainda a Sinagoga, o Parlamento, a Praça dos Heróis, o castelo de Vajdah. E diversas outras coisas que você pode achar na net ou em um guia. Infelizmente, só fui aos pontos que descrevi.

Budapeste realmente vale o uma semana de estadia, tem sido um lugar ótimo, mas esta me cobrando um preço muito caro.

Berlin - Jerusalém: Diário #6 GREVE DE FOME


10.12.11

 Blazs

Na noite anterior antes de irmos para o Pub, Fred e eu tivemos uma rápida conversa com Balzs. Ele falou algo sobre uma greve e não entendemos muito bem, o que ficou claro é que ele poderia ter uma agenda difícil no dia seguinte e talvez não nos dar a atenção devida. Por volta de 11hs fomos tomar café da manhã, resolvi perguntar sobre o que exatamente ele estava falando ontem. 

Os próximos parágrafos são sobre política, então vamos dar uma relaxada no clima. Primeiramente vamos dar nomes aos personagens: Manel Falão é um francês representante da União Europeia, Juca Pururuca é o primeiro ministro húngaro e Zé Malvadeza um simples editor de vídeo da mtv (tv estatal húngara onde Balzs trabalha).

A historia é assim: Juca Pururuca foi eleito com 2/3 dos votos e tem mais de 80% do congresso, ou seja, em troca de favores ele faz o que quer e assim tem sido na Hungria.

A cada seis meses um dos 27 membros da EU é eleito pra presidir as atividades do bloco, isso não quer dizer muita coisa na prática, mas coloca em foco o tal país, chama muita atenção. Há um tempo foi vez da Hungria e ficou evidenciado esse poder de Juca Pururuca. Manel Falão não quis deixar barato e em assembleia com todos os membros presentes falou um monte. Acusou Juca Pururuca de não presidir uma democracia, que a mídia húngara era manipulada e que ele não merecia a posição que estava.

Juca Pururuca ficou boladão e começou a mexer seus pauzinhos, começou a revirar o passado de Manel Falão e descobriu uma acusação de pedofilia. Era o que ele precisava, Juca Pururuca ordenou que a mídia do país usasse isso contra Manel Falão, tirando assim a credibilidade de suas críticas.
O que se conta é que Manel Falão era um dos loucos das revoluções de 68, galera riponga  e etc. Aos 25 anos ele escreveu um livro em que há uma citação ambígua, uma metáfora muito mal feita que dava margem para interpretação pedófila. Para piorar, ele era dono de um jardim de infância. Moral da brincadeira é que isso já foi usado contra ele varias vezes desde que ingressou na carreira politica, entretanto nunca deu em nada e até os pais das crianças já falaram em publico que não há nada para acusar Manel Falão.

Ao saber das insinuações, Manel Falão marca uma entrevista, um debate, na MTV. Infelizmente ele não pode ficar o programa todo e o deixa no final do primeiro bloco. É ai que entra Zé Malvadeza, o programa não era ao vivo e foi editado pelo rapaz. Zé Malvadeza fez parecer que Manel Falão se negou a responder a pergunta sobre pedofilia e saiu do programa, usando a imagem dele saindo como programado, a real resposta não foi ao ar.

O que acontece quando alguém faz uma coisa dessas? É promovida, óbvio. Zé Malvadeza virou chefe da mtv e graças ao seu serviço à pátria húngara foi promovido novamente, após algum tempo, para tomar conta do jornal estatal também. Resumindo ele conversa com o William Bonner e a Fatão Bernardes todo dia antes do Jornal Nacional, do jeitinho que é ai na rede Bobo de televisão.

E o que eu tenho haver com isso? Calma que já vem.

Balzs revoltado com Zé Malvadeza resolveu fazer uma greve de fome para pedir a demissão desse cara. Isso mesmo, greve de fome. Eu não sei quem tá ligando pra saúde do Balzs, mas acho que não muita gente.

Enfim, fomos tomar o último café da manha de Balzs no belo Café Parisi – no próximo post falo dele, já que voltei mais duas vezes. Combinamos que entraríamos em contato com ele por volta de 20hs pra saber como tava rolando a greve e saber quando iríamos para casa. Despedimo-nos de Balzs que foi pra sua penitencia e nos para o Free Walking Tour – no próximo post falo de todo o turismo de Budapeste.

Por volta de umas 18h, Fred e eu, paramos num T. G. Fridays onde acordamos em deixar o louco lá com a greve dele e partir prum hostel. Achamos um por 8euros, I LOVE BUDAPESTE (bão todo). Ligamos pra Balzs e combinamos de encontrar com ele na mtv, maldito erro.

Daqui para frente vamos usar uma didática, imagine que você tem 10 anos e esta com a manete de um Super Nintendo na mão jogando uma desses jogos de fase como Super Mário, Sunsetstrikers, Donk Kong, Metroid, Contra, Aladin e assim por diante.

Fase 1: Arrumar “dinheiros” húngaros para Frederico
Estávamos num shopping, mas nenhuma casa de cambio havia por ali. Nenhum ATM aceitava os cartões do Fred e ele só tinha 40 euros em dinheiro. Até que no finalmente achamos um Wester Union no porão da parte 2 do Mail Mamute, nem queira saber o porquê desse nome. O coitado do goiano magneto foi praticamente estuprado pelas taxas, mas completamos a fase em cerca de 30 minutos.

Fase 2: Comprar o Ticket do Trem
Andamos uns 200 metros até o ponto de bonde. As máquinas só aceitavam moedas, coisa que não tínhamos. Então rodamos até achar uma que aceitava nota, mas estava quebrada. Achamos um caixa, a lazarenta da obesa lá dentro não quis nos vender e disse que tava fechada. Sem alternativa, achamos uma banca de jornal que e compramos uns cartões postais que deviam estar ali desde a invasão turca, só pra conseguir moedas. Tentamos a primeira máquina, ela devolveu todas as moedas. Tentamos a segunda máquina que devolveu todas as moedas. Não achamos mais máquinas. Tava mais foda que a fase da água do Donk Kong quando você perde o peixe-espada. Como eu já disse, esse povo ama fiscalizar ticket, não dava pra ir na ilegalidade.

Rodamos mais um pouco até descobrir que na barraca que compramos cartões postais vendiam ticket. Compramos e tomamos o bonde.

Fase3: Baldeação

Tínhamos que trocar para um trem regional, porque a tal da mtv é lá na casa do caralho! Já esperto que nas banquinhas que vendiam os tickets, fomos direto ao tiozinho, o único que tinha na estação. Ele não tinha ticket, fodeu! Ele mandou tentarmos a máquina, devolveu todas as moedas – devia ter alguma manha além da minha capacidade de interpretar húngaro. Voltei no tio, ele falava ALEMAO! Nunca fiquei tão feliz na minha vida com a língua do chucrute. Explicou que não tinha como comprar ticket, mas que naquele trem quase não tinha fiscalização. Resolvemos tentar a sorte. Carimbamos de novo o mesmo ticket, já que a primeira estampa tava bem fraca.

Fase 4: A caminhada

Por sorte chegamos ilesos à estação escolhida, que por sinal era um antes do certa. Fred, espertamente baixou o mapa de Budapeste no celular e marcou o ponto com o endereço da MTV. Caminhamos por mais de 30 minutos até chegar onde o GPS indicava, passamos por um bairro industrial escuro, sem uma vivalma. Nessa altura já tínhamos tirado os cachecóis, luvas, abaixado um pouco as calças, colocamos o gorro torno e andávamos com marra. Não podíamos parecer turistas de forma alguma! Ao chegar local não havia nada. Ligamos pra Balzs dizendo que onde estávamos, ele falou simplesmente siga reto. Existem dois sentidos numa rua, claro que seguimos o errado. 10 minutos para ir e mais 10 para voltar. 2 horas depois de sair do TGF, chegamos.

Fase 5: Packing

Fred e eu concordamos em usar o password HORIZONS (quem jogou Top Gear conhece) e pegar um táxi pra voltar pra casa. Esse jogo não tem como salvar, teríamos que fazer tudo de novo e o ponto de trem mais perto da casa do Balzs era uns 10min andando, mas nem com a estrelinha do Mário e 6 latas de red bull eu ia andar mais!

Chegamos lá, conversamos uns minutos, tiramos uma foto com a faixa do protesto e a bandeira do Brasil, a frase de Balzs foi: “Posso morrer de fome aqui que essa foto dos meninos vai chamar mais atenção”. O bom foi que um amigo do nosso hoster, Sr. Urso Polar ia levar a gente até a casa do repórter faminto.

Agora eu pergunto: MAS POR QUE ESSE FI SEM MAE NÃO MANDOU A GNT ENCONTRAR O URSO NA CASA DELE???? ME POUPAVA 1:30 DA VIDA E ALGUMAS DOSES DE RAIVA!!!

Rapidamente recolhemos nossas coisas e seguimos viagem. Finalmente chegamos ao hostel, banho, pub e umas merecidas cervejas.

GAME OVER!

domingo, 11 de dezembro de 2011

Berlin - Jerusalém: Diário #5


08.12.11

Meu dia começou tarde, acordei por volta de 10:30 da manhã, atualizei o blog e fui numa feira para comprar ingredientes. Será que todo feirante do mundo é simpático? Bem, o eslovaco era mais um caso. Fiz um macarrão muito louco pra mim e Hugo. Liguei pra casa para dar sinal de vida e acabei perdendo o free tour. Resolvi explorar por minha conta. Andei pelo centro histórico de Bratislava, um pouco confuso e com pouca sinalização. Vi pela primeira vez um papai noel rapper! Fazendo rima com dingonbel ao fundo, queria muito entender o que ele estava falando.

Subi ao castelo para um por do sol maravilhoso! Lá ainda tive q suportar muito, mas muito vento. Na realidade acho que Eslováquia é o segundo nome de vento.
Desci a montanha e encontrei um bar muito estiloso, com uma maritaca cantando. Uma boa cerveja e um tempo escrevendo. Marquei com Hugo e Alica, amiga de um amigo de Stuttgart, de nos encontrarmos para café ou algo parecido. Assim foi, uma parada para um lanche no mercado de natal e um dedo de prosa num café.
Bratislava é bem interessante, mas não vale mais que 2 noites.

09.12.11

Mais uma noite muito bem dormida, mas mais bem dormida do que deveria. Acordei atrasado e tive correr muito para pegar o trem para Budapeste. Corri de mais da conta, a batata da perna já estava travando quando cheguei ao trem que por sorte atrasou 3 minutos.

Chegando em Budapeste, Fred, companheiro de várias viagens me aguardava na estação. Uma rápida parada para comer e fomos rumo às piscinas térmicas de Budapeste, ou casas de banho.

O local era Szechenyi Baths, situado no meio de um imenso parque municipal. Uma construção gigante num estilo antigo. Dentro há umas 15 piscinas com diferentes temperaturas, formatos e concentração de enxofre. Fora as saunas húmidas e secas, que também variam de temperatura cada uma delas.

A parte de fora é um espetacular! 3 piscinas gigantes com hidromassagem e chafariz. A água em todas é aquecida. É muito bom ficar dentro da água quente com 1°C do lado de fora. Esse dia de princesa, a la Netinho, durou umas 4 horas.



Fomos em busca do nosso hoster, uns 25 minutos de caminhada e estávamos à sua porta, ele não estava lá. Ligamos e após alguma enrolação, não interessante, conhecemos o individuo. 

Balzs é um cara já perto dos 50 anos, jornalista, morou no Japão por 4 anos e conhece muitos lugares do mundo. Tem um humor sarcástico estranho no começo, divertido no meio, mas irritante depois de algum tempo. Fomos os três para um Ruin Pub, é um pub tradicional, mas num prédio em ruinas, tudo quase destruído, bem interessante. Após uns copos de cerveja, pegamos o ônibus para casa.

Aqui tenho que fazer um relato sobre o transporte público húngaro. Primeiro que é extremamente difícil conseguir comprar um ticket, as maquinas não funcionam, os caixas fecham cedo e não tem como comprar com o motorista. Sua melhor chance é alguma banca de revista perto do ponto. Outra coisa importante é que o melhor emprego da Hungria deve ser fiscal de ticket. Como que num ônibus 3 horas da manhã tem 5 fiscais? Você entra na estação tem 2, você sai da estação tem 2. Simples assim, um camarada com cara de bunda que fica pedindo pra ver seu ticket.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Berlin - Jerusalém: Diário #4


06.12.11

Ainda chocado do dia anterior, foi dormir cedo e minha única obrigação do dia era fazer o free walking tour.
Levantei por volta das 9 horas e 10:30 já estava à caminho do centro. Claro que perdi o bonde por 1 minuto, mas já sou expert na malha de transporte publico da Cracóvia.  Rápido achei uma conexão, mas na corrida entre um tram e outro escorreguei no gelo e fui gloriosamente ao chão. Quebrou parte do meu tripé, mas nada muito serio.



Cracovia é uma cidade bem interessante, sua historia se mescla com a europa ocidental, Russia, Escandinávia, Turquia e até com os Estados Unidos.
A Polônia é uma nação marcada por guerras, foi dominadora e dominada várias vezes. A nação existe oficialmente, pela segunda vez, desde o início do século XX, mas como todos sabemos, sua real independência veio depois de 1989.
Acabando o tour, achei um ótimo restaurante, Polowiska, almocei muito bem por 5 euros. Depois um pab para uma cerceja e atualizar meu diário, ainda não havia terminado de escrever sobre Auschwitz.


Voltei para casa, Adam e Mateus me esperavam com uma deliciosa sopa polaca. Arrumei as coias e parti para Bratislava às 22h.

07.12.11

A conexão do trem era horrível, à 1 hora da manhã tive que descer numa cidade, não sei nome nem país, e trocar de trem. Às 2:30 embarquei novamente, não dormi até nem um instante até então, pois não tinha despertador. No segundo trem não resisti e apaguei, acordei 6:30 em Viena (Austria). Isso quer dizer que eu perdi a parada em Bratislava.


Resolvi ficar por ali mesmo, já que fazia parte dos meus planos. Achei uma zona de WI-FI, criei meu roteiro e achei um tour às 13 horas.

Rodei a cidade, lugar lindo, clássico vitoriano. Grandes prédios antigos, nnnaaao tao carregados como cidades “medievais”, Praga por exemplo. Praças espaçosas, parques, realmente ali merece receber o titulo de melhor cidade do mundo para se morar. Sendo sincero, pode ser, mas tenho que a impressão que deve ser bom para quem é mais velho, tive a sensação de ser uma cidade meio boring para jovens, mas fiquei lá pouquíssimo, é só uma sensação.

Na opera, achei um banheiro público que tocava música clássica, tive que conferir. Eu juro que escutei um cara na baia do lado roncando.
Passei no mercado de natal próximo à prefeitura. O maior problema era o frio, eu estava apenas com uma calça jeans, então a cada 2 horas eu precisva que parar num café para me esquentar. Gastei bastante com isso. O croissant austríaco, o original, é realmente delicioso.

Compareci ao ponto de encontro, mas me parece que o não houve tour. Resolvi ir para Bratislava, estava louco por uma cama.

Cheguei à capital eslovaca por volta de 17:30, segui para casa do hoster, Hugo. No endereço não avia seu nome no interfone. Achei um restaurante italiano muito próximo com WIFI. Depois de um ótimo carbonara e um anuncio no grupo do CS-KRAKOW, pedindo para ligarem para Hugo, eu conheci meu hoster. Já está virando rotina pedir isso, CS é fantástico mesmo, quando há um problema ele mesmo se resolve.

Formos ao seu apartamento, tomei um merecido banho e partimos para o CS meeting. Hugo é paraguaio, um fato engraçado é que eu falo em português e ele me responde em espanhol, a conversa flui.

Lá conheci outros CS e, assim como no Brasil, é muito complicado achar um lugar para beber num grupo grande. Outro fato interessante é ver pessoas num bar tomando chá. Recuso-me à não tomar cerveja.
Por volta de 22:30 já estávamos em casa, eu estava completamente exausto.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Berlin - Jerusalém: Diário #3

05.12.11

Parte II


   Agora descreverei a minha experiência em ordem cronológica, acredito que seja a forma mais conveniente de não me perder na confusa sucessão de sentimentos por que passei. 

Ao chegar aos portões de Birkenau me vi num filme, não me passou a sensação de realidade, parecia um grande cenário de Hollywood. Nosso guia, polonês, nos deus as primeiras instruções sobre a historia do local, falarei um pouco mais sobre ele à frente. Seguimos ladeando os trilhos centrais do campo. A primeira parada foi ao lado de um vagao de madeira. Esse era o tipo de transporte usado pra trazer os prisioneiros. Relativamente pequeno. A jornada podeira durar de três dias a três semanas, pois pessoas da Itália e França também foram enviadas. Sem luz, com um balde para as necessidades, pouquíssima água e centenas de pessoas dentro. Era comum chegar muitos já mortos. Ali comecei a realizar onde estava. 



Andamos alguns metros ate o ponto de desembarque. Nesse local, me questão de segundos, o medico nazi classificava quem morre e quem vive. Algo aconteceu.


Um grupo grande de turistas cruzou por nós, éramos oito ou nove, eles mais de trinta. Um silêncio sepulcral quebrado pelo atrito de uma pedra sobre a outra. Pernas pesadas arrastando pés relutantes, ombros baixos carregando toneladas. Imediatamente me veio à mente a imagem de documentários e filmes, das filas imensas de prisioneiros chegando aos campos de concentração. Aquela marcha me deu a primeira ideia do que estava por vir.

Seguimos até o final dos trilhos, lá a um monumento com os seguintes dizeres em várias línguas:


As câmaras de gás estão em ruinas, mas essas foram as primeiras realmente construídas para exterminar pessoas em escala industrial. Veio à minha cabeça que pessoas cremadas não desintegram, há cinzas, o que foi feito com elas? Simplesmente jogadas pelos campos de Birkenau. Eu estava andando sob as cinzas de 1,1 milhões de pessoas! É o maio cemitérios do mundo. Ao final da resposta eu só queria sair voando dali, só para tirar meus pés daquele lugar.             


Passado o susto, andamos cerca de cem metros e adentremos em um dos galpões de tijolo. Não há proteções contra o frio, o telhado esburacado e dois aquecedores ridículos que constantemente não tinham lenha para queimar. Por todas as paredes e no meio do galpão há beliches de três andares, o primeiro no nível do chão. Cada cama com 1,5 x 1,5 m², mas ali dormiam mais de dez pessoas.





Uma coisa repugnante que não posso deixar de falar é que praticamente todos sofriam de diarreia. Havia alguns baldes para os dejetos, mas pouco para as mais de mil pessoas que viviam ali. Tudo era feito nas calças, muitas vezes ainda deitados nas camas, o excremento escorria pelo beliche, gotejando em quem estava a abaixo. Importante dizer que, durante o dia estavam trabalhando e durante a noite não podiam sair dos alojamentos. Não havia escolha ou não havia forças para se levantar.


O galpão de Birkenau foi difícil, mas eu precisava de mais para me impressionar, eu quis e tive muito mais do que pedi.


Tomamos o ônibus de volta à Auschwitz I. ARBEIT MACHT FREI – TRABALHO FAZ LIVRE é a famosa inscrição que nos recebeu dentro de Auschwitz I. Se igorarmos as cercas, pode-se até imaginar que é um condomínio residencial compredios de três ou quatro andares. Mas isso só por fotos, porque o ar é ésado, a tensão é palpável. Andamos até um antigo deposito de armas do exército polonês. Essa galpão foi transformado pelos nazis numa câmara de gás imporvisada. Mais de sessenta mil pessoas morreram ali.



Aqui paro a historias para falar sobre nosso guia. Uma coisa que ele fazia primorasamente era nos dar tempo para pensar e absorver o que era arremessado em nossas faces. Cada objeto pessoal que nos era apresentado, o guia fazia questão de lembrar aquilo pertencia a uma pessoa como eu, como você e como ele. Indaguei por quanto tempo ele era guia, me respondeu por cinco anos com uma voz quase inexistente. Perguntei como se sentia fazendo aquilo por tanto tempo. A resposta foi curta “É sempre como a primeira, não dá pra se acostumar”, Invitalvelmente veio à minha boca “Por que você faz isso então?”. “O que aconteceu aqui não pode ser esquecido, estou fazendo a minha parte, você fará a sua contando pra quem não pôde vir. Entretanto, de tempos em tempos eu preciso de uma pausa, a tensão parece que acumula.” Só reclamo de uma coisa sobre nosso instrutor, ele insistia em dizer “os alemães” fizeram isso e aquilo. Pra mim não, quem fez a guerra e  o Holocausto foram os Nazis, duas coisas bem diferentes.


Nosso guia pede silêncio absoluto dentro da câmara, tira o gorro e puxa a fila. No primeiro passo, um trem é colocado sobre nossas costas, caminhei lentamente e relutante. Posicionei-me para uma foto, em busca de um bom ângulo acabei me escorando na parede. Foi como um choque! Realizei imediatamente que estava tocando uma parede que abafou os gritos desesperados de milhares de vidas. Afastei-me quase com um salto. NA sala ao lado havia o pequeno crematório, também improvisado. Havia uma rosa sobre as tampas dos fornos.



Começamos uma caminhada entre os prédios, começava a escurecer.


Entramos num bloco que exibia objetos tomados dos prisioneiros. Óculos, roupas, sapatos, pentes e tudo que uma pessoa pudesse carregar numa mala. Duas coisas foram especialmente chocantes. Os cabelos cortados eram vendidos para empresas alemãs e usados como perucas ou eram transados e usados em cobertores, lençóis e travesseiros.

Alguns prisioneiros foram “heróis” da primeira guerra, muitos com amputações e lesões graves. Esses tinham próteses, que foram confiscadas e seus donos assassinados. Tais objetos foram encaminhados para soldados arianos do exercito nazi. 



Já escuro e somente nosso grupo caminhando pelo complexo de Auschwitz I, chegamos ao Bloco 11. Esse prédio era para os presos do campo, isso mesmo, dentro do campo de concentração havia ainda uma forma de ser preso. Lá a criatividade da tortura era posta à prova. Além de inserir água fervente em narizes e bocas, podemos destacar as celas que haviam ali.




Como disse o guia, tensão acumula. Quando chegamos à escada que antecede o porão do Bloco 11 eu já não conseguir me controlar. Coração disparado, mãos tremulas, não consegui tirar mais nenhuma foto, respiração rápida e estomago ridiculamente enjoado. Desci cada degrau vagarosamente e temeroso. Antes do primeiro corredor uma das mulheres do nosso grupo voltou e desistiu de prosseguir. Visualmente não há nada muito assustador, mas é impressionante o quanto o clima é pesado.


Praticamente me arrastando passei pela cela onde homens eram deixados para morrer de fome. Mais à frente havia três portinholas próximas ao chão. Elas davam acesso a uma sala de um m2, porém alta. Quatro prisioneiros eram colocados lá, assim não havia como se sentar. Eram postos em pé após doze horas de trabalho e assim, em poucos dias, morriam de exaustão. Não esperei o guia, simplesmente saí do prédio o mais rápido que pude.




Ultima parada foi ao lado do Bloco 11. Os que ainda insistiam em sobreviver eram executados à bala de baixo calibre naquele paredão. Atravessei o portão e não consegui me aproximar mais de três passos além dos cinquenta metros que me separavam do muro.


A tensão ACUMULA!!! Eu estava no meu limite.


Aquele pequeno grupo caminhou sozinho, calado, sob a fraca luz de lâmpadas ineficientes de volta ao lugar que iniciaram essa jornada, mas com toda a certeza, ninguém era mais o mesmo.

 

Berlin - Jerusalém: Diário #2


05.12.11

Acordei meio desesperado pela hora, banho imediato. Sofri para acertar a temperatura, sofri para abrir o ralo e escorreguei quando saí do chuveiro. Ada me levou ao ponto de bonde. Saí com muita pressa, acertei o bonde, comprei o ticket numa maquina que em polonês (sozinho, HÁ!). Na estacao principal tinha 40 minutos para comprar o passe até Oswiecim. Rodei igual um tonto, mas comprei. Detalhe que não indicava a plataforma, dez minutos para o trem sair, corri, corri, perguntei e just in time. Rumo à Auschwitz.
Desci na estação e não sabia como chegar ao museu. Encontrei um grupo de portugueses e uma senhora polaca.  A idosa apontava pra si, para a portuga e pra frente. Os lusitanos não entenderam, como de costume, e tomaram um taxi. Ficou no ponto eu e a senhora. Ela apontou pra mim, para si e para o ônibus. Pronto, ela ia me levar lá e assim foi. O ônibus chegou e ela me puxou para dentro, apontou para o motorista, paguei, duas estações depois a senhora me cutuca o braço e indica a saída. Despedimo-nos com um lindo sorriso e um aceno pela janela.
Quando cheguei em Auschwitz não imaginava o que me aguardava. Aguardei o grupo do tour em inglês e partimos para Birkenau. Separarei essa historia em dois relatos, um histórico e informativo, basicamente repetindo o que me foi dito pelo guia e a outra com a tempestade de emoções que atravessei.

Parte I

Auschwitz é um grande complexo composto principalmente por:
·         Auschwitz I: Antigo quartel do exército polonês que foi transformado em campo de concentração e posteriormente em campo de extermínio. Ali se encontra a administração do campo, um hospital, casa do comandante do campo, alojamento dos guardas e demais soldados.
·         Birkenau: foi construído posteriormente devido à demanda, projetada especialmente para receber presos. Lá há galpões dormitórios de tijolos, os primeiros, e de madeira, estábulos alemães pré-fabricados. Duas grandes câmaras de gás associadas com os crematórios, alguns prédios de armazém e seleção dos internos, além do hospital de experimentos.
·         Auschwitz III: Não tive a oportunidade de conhecer.
Começamos por Birkenau devido à curta duração do dia. Numa área completamente plana e até bonita há quilômetros de cercas com 3 metros de altura, arame farpado e eletrificado. A entrada é um grande prédio comprido com passagem para os trilhos. Do lado esquerdo os galpões de madeira e do lado direito os galpões de tijolos.
Os prisioneiros recém chegados eram classificados, homens e mulheres julgados aptos ao trabalho iam para os galpões, velhos, crianças e doentes eram encaminhados para o banho. Primeiramente se despiam, depois eram colocados dentro de uma grande sala sem janelas e com tubulação de chuveiros (falsas). Por portinholas jogava-se as pastilhas de cianeto. Quinze minutos bastavam para que duas mil e quinhentas pessoas morressem.
Outros presos, que “trabalhavam” no campo, recolhiam os corpos em busca de pertences, dentes de ouro ou objetos nas genitálias. Eram necessárias vinte e quatro horas para incinerar os corpos.
Obvio que o processo era muito lento, assim valas eram abertas e os corpos queimados a céu aberto. O cheiro de gordura queimada percorria quilômetros.
Os trabalhadores eram registrados, despidos, especialmente para humilhar as mulheres, todos os pelos eram raspados. Existia um sistema de identificação com objetos geométricos e cores fixadas nos uniformes, eram identificados de acordo com seus “crimes”: judeu, cigano, homossexual, politico, criminoso alemão ou simplesmente inconveniente ao regime nazi. Recebiam uma tatuagem com um numero, porque fotos deixavam de serem uteis quando todos pareciam esqueletos e números nos uniformes davam muito trabalho para serem trocados com tanta frequência.
O pijama listrado era a única proteção contra o frio, no inverno facilmente próximo a -25°C, chuva ou sol. Doze horas de trabalho por dia, alimentados por um pão podre e um caldo grosso de algo não identificado.
Trabalhos como construir novas barracas, queimar seus companheiros mortos, algumas fabricas ou no campo, apenas cavando buracos que serão tampados pelos próximos, era o padrão. Os sortudos trabalhavam separando os pertences dos falecidos, sob um teto e relativamente pouco exaustivo.
São pouquíssimos os casos de pessoas que sobreviveram mais que um ano à Birkenau. Alguns meses ou mesmo semanas eram suficientes para liquidar com a vida.
No auge de suas atividades, por volta 1944, haviam 400 mil prisioneiros em Auschwitz, 20% menores de quatorze anos. Estima-se que 1,1 milhões de pessoas foram exterminadas, 90% judeus.

Berlin - Jerusalém: Diário #1


03.12.11

Primeiro dia de viagem começou tudo ótimo, despedi de quem vou sentir saudade, mas vou encontrar no final dessa jornada. Marcel, PH e David me ajudaram com as grandes malas que carregava. Ali havia um ano da minha historia, provavelmente o ano mais intenso da minha vida, claro que estariam pesadas.
Entramos no trem para achar algum lugar para as malas, de repente o trem começa a andar. Os olhos do nipo-tupiniquim até arregalaram! Os três teriam que pagar uma fortuna pelo ticket do ICE (trem-bala alemão). Corremos corredor à dentro em busca de um fiscal, achamos. Por incrível que pareça e contra tudo que conheço da Alemanha, o cara foi bem compreensivo e livrou eles de pagar. Dei-lhes dinheiro para a volta, bem mais barato, mas cinco vezes mais lento. Foram 30 minutos pra ir e 2,5 horas para voltar. Afinal de contas, estavam lá por minha causa.
Trajeto até Berlin foi tranquilo, aproveitei para escrever um resumo da minha trajetória como estagiário na Germânia. Difícil foi transportar toda a bagagem da Hauptbahnhof até a casa do Leo (Couch Surfing Hoster). Noite bem dormida, antecedida por uma boa conversa regada à chimarrão com o namorado do Leo.

04.12.11

O dia começou com a reorganização das malas, precisava separar o que levaria para a grande viagem. Claro que levou mais tempo do que eu esperava e saí atrasado para o aeroporto. Cometi alguns muitos erros no caminho, o que me atrasou ainda mais. Ofegante, fiz o check-in, passei pela segurança e meu nome foi anunciado no saguão. – Herr Heitor Tosetto, anda logo fi duã égua! Tá todo mundo te esperando. Entro no bus que nos leva até o avião e sou recebido por 200 olhos (azuis, entre polacos e alemães) sedentos pelo meu sangue. Cracóvia, I’m comming!
Cheguei ao aeroporto KRK tranquilo, peguei o trem para o centro da cidade e finalmente tive tempo para ler as instruções que Adam havia me deixado. Para a minha infelicidade, não ahavia todos os passos para até casa dele, apenas como chegar a estação central.
Junto a estação há um shopping, achei uma Wi-Fi Zone e mandei uma mensagem para Adam. Ele havia conectado 30 minutos antes no Couch Surfing, provavelmente esperando noticias minha. Fiquei por 1 hora sem resultados, procurei mais em nossas conversas e descobri seu telefone. Andei por mais de 30 minutos e não achei um orelhão, não existe isso na Polônia.
Recorri ao CS, pedi no grupo Krakow para alguém ligar para Adam, funcionou, 40 minutos depois conheci meu simpático hoster.
Um rapaz simples de 20 anos que estuda arqueologia. Fala inglês muito bem, um pouco tímido, mas extremamente atencioso. Terminei minha cerveja  e fomos passear pela cidade. Adam não parou de falar até eu deixar ele carregar uma de minhas duas mochilas. Era noite e o clima agradável. Andamos pelo centro da histórico, um pouco sombrio e assustador. Havia varias festas e comemorações de natal. Comemos um queijo grelhado, lembra muito provolone, delicioso. Finalmente nos cansamos, uma rápida passada no mercado  e fomos para seu apartamento. Lá conheci Ada (19) e Mateus(21 – apesar da cara de 16), dois baixinhos bem simpáticos e atenciosos como Adam, ambos muito felizes com a minha chegada. Como me disseram, a vida ali é meio parada além dos estudos. Cervejas e vodca à mão e fiz todos gritarem AQUI TEM UM BANDO DE LOUCOS, LOUCOS POR TI CORINTHIANS!!!
Timão penta campeão brasileiro, muitas risadas, um mostrando fotos para o outro e um ótimo sofá para dormir.