quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Berlin - Jerusalém: Diário #2


05.12.11

Acordei meio desesperado pela hora, banho imediato. Sofri para acertar a temperatura, sofri para abrir o ralo e escorreguei quando saí do chuveiro. Ada me levou ao ponto de bonde. Saí com muita pressa, acertei o bonde, comprei o ticket numa maquina que em polonês (sozinho, HÁ!). Na estacao principal tinha 40 minutos para comprar o passe até Oswiecim. Rodei igual um tonto, mas comprei. Detalhe que não indicava a plataforma, dez minutos para o trem sair, corri, corri, perguntei e just in time. Rumo à Auschwitz.
Desci na estação e não sabia como chegar ao museu. Encontrei um grupo de portugueses e uma senhora polaca.  A idosa apontava pra si, para a portuga e pra frente. Os lusitanos não entenderam, como de costume, e tomaram um taxi. Ficou no ponto eu e a senhora. Ela apontou pra mim, para si e para o ônibus. Pronto, ela ia me levar lá e assim foi. O ônibus chegou e ela me puxou para dentro, apontou para o motorista, paguei, duas estações depois a senhora me cutuca o braço e indica a saída. Despedimo-nos com um lindo sorriso e um aceno pela janela.
Quando cheguei em Auschwitz não imaginava o que me aguardava. Aguardei o grupo do tour em inglês e partimos para Birkenau. Separarei essa historia em dois relatos, um histórico e informativo, basicamente repetindo o que me foi dito pelo guia e a outra com a tempestade de emoções que atravessei.

Parte I

Auschwitz é um grande complexo composto principalmente por:
·         Auschwitz I: Antigo quartel do exército polonês que foi transformado em campo de concentração e posteriormente em campo de extermínio. Ali se encontra a administração do campo, um hospital, casa do comandante do campo, alojamento dos guardas e demais soldados.
·         Birkenau: foi construído posteriormente devido à demanda, projetada especialmente para receber presos. Lá há galpões dormitórios de tijolos, os primeiros, e de madeira, estábulos alemães pré-fabricados. Duas grandes câmaras de gás associadas com os crematórios, alguns prédios de armazém e seleção dos internos, além do hospital de experimentos.
·         Auschwitz III: Não tive a oportunidade de conhecer.
Começamos por Birkenau devido à curta duração do dia. Numa área completamente plana e até bonita há quilômetros de cercas com 3 metros de altura, arame farpado e eletrificado. A entrada é um grande prédio comprido com passagem para os trilhos. Do lado esquerdo os galpões de madeira e do lado direito os galpões de tijolos.
Os prisioneiros recém chegados eram classificados, homens e mulheres julgados aptos ao trabalho iam para os galpões, velhos, crianças e doentes eram encaminhados para o banho. Primeiramente se despiam, depois eram colocados dentro de uma grande sala sem janelas e com tubulação de chuveiros (falsas). Por portinholas jogava-se as pastilhas de cianeto. Quinze minutos bastavam para que duas mil e quinhentas pessoas morressem.
Outros presos, que “trabalhavam” no campo, recolhiam os corpos em busca de pertences, dentes de ouro ou objetos nas genitálias. Eram necessárias vinte e quatro horas para incinerar os corpos.
Obvio que o processo era muito lento, assim valas eram abertas e os corpos queimados a céu aberto. O cheiro de gordura queimada percorria quilômetros.
Os trabalhadores eram registrados, despidos, especialmente para humilhar as mulheres, todos os pelos eram raspados. Existia um sistema de identificação com objetos geométricos e cores fixadas nos uniformes, eram identificados de acordo com seus “crimes”: judeu, cigano, homossexual, politico, criminoso alemão ou simplesmente inconveniente ao regime nazi. Recebiam uma tatuagem com um numero, porque fotos deixavam de serem uteis quando todos pareciam esqueletos e números nos uniformes davam muito trabalho para serem trocados com tanta frequência.
O pijama listrado era a única proteção contra o frio, no inverno facilmente próximo a -25°C, chuva ou sol. Doze horas de trabalho por dia, alimentados por um pão podre e um caldo grosso de algo não identificado.
Trabalhos como construir novas barracas, queimar seus companheiros mortos, algumas fabricas ou no campo, apenas cavando buracos que serão tampados pelos próximos, era o padrão. Os sortudos trabalhavam separando os pertences dos falecidos, sob um teto e relativamente pouco exaustivo.
São pouquíssimos os casos de pessoas que sobreviveram mais que um ano à Birkenau. Alguns meses ou mesmo semanas eram suficientes para liquidar com a vida.
No auge de suas atividades, por volta 1944, haviam 400 mil prisioneiros em Auschwitz, 20% menores de quatorze anos. Estima-se que 1,1 milhões de pessoas foram exterminadas, 90% judeus.

Um comentário:

  1. Muito bem escrito Mineiro!! falou tudo....
    Esse lugar eh triste demais... tambem tive a oportunidade de fazer esse passei, e confesso que senti uma das piores sensacoes da minha vida... mas infelizmente isso realmente aconteceu... abraco e Continue sua missao com exito!!

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