05.12.11
Acordei meio desesperado pela hora, banho imediato. Sofri
para acertar a temperatura, sofri para abrir o ralo e escorreguei quando saí do
chuveiro. Ada me levou ao ponto de bonde. Saí com muita pressa, acertei o
bonde, comprei o ticket numa maquina que em polonês (sozinho, HÁ!). Na estacao
principal tinha 40 minutos para comprar o passe até Oswiecim. Rodei igual um
tonto, mas comprei. Detalhe que não indicava a plataforma, dez minutos para o
trem sair, corri, corri, perguntei e just
in time. Rumo à Auschwitz.
Desci na estação e não sabia como chegar ao museu. Encontrei
um grupo de portugueses e uma senhora polaca.
A idosa apontava pra si, para a portuga e pra frente. Os lusitanos não
entenderam, como de costume, e tomaram um taxi. Ficou no ponto eu e a senhora.
Ela apontou pra mim, para si e para o ônibus. Pronto, ela ia me levar lá e
assim foi. O ônibus chegou e ela me puxou para dentro, apontou para o
motorista, paguei, duas estações depois a senhora me cutuca o braço e indica a
saída. Despedimo-nos com um lindo sorriso e um aceno pela janela.
Quando cheguei em Auschwitz não imaginava o que me
aguardava. Aguardei o grupo do tour em inglês e partimos para Birkenau.
Separarei essa historia em dois relatos, um histórico e informativo,
basicamente repetindo o que me foi dito pelo guia e a outra com a tempestade de
emoções que atravessei.
Parte I
Auschwitz é um grande complexo composto principalmente por:
·
Auschwitz I: Antigo quartel do exército polonês
que foi transformado em campo de concentração e posteriormente em campo de
extermínio. Ali se encontra a administração do campo, um hospital, casa do
comandante do campo, alojamento dos guardas e demais soldados.
·
Birkenau: foi construído posteriormente devido à
demanda, projetada especialmente para receber presos. Lá há galpões dormitórios
de tijolos, os primeiros, e de madeira, estábulos alemães pré-fabricados. Duas
grandes câmaras de gás associadas com os crematórios, alguns prédios de armazém
e seleção dos internos, além do hospital de experimentos.
·
Auschwitz III: Não tive a oportunidade de
conhecer.
Começamos por Birkenau devido à curta duração do dia. Numa
área completamente plana e até bonita há quilômetros de cercas com 3 metros de
altura, arame farpado e eletrificado. A entrada é um grande prédio comprido com
passagem para os trilhos. Do lado esquerdo os galpões de madeira e do lado
direito os galpões de tijolos.
Os prisioneiros recém chegados eram classificados, homens e
mulheres julgados aptos ao trabalho iam para os galpões, velhos, crianças e
doentes eram encaminhados para o banho. Primeiramente se despiam, depois eram
colocados dentro de uma grande sala sem janelas e com tubulação de chuveiros
(falsas). Por portinholas jogava-se as pastilhas de cianeto. Quinze minutos
bastavam para que duas mil e quinhentas pessoas morressem.
Outros presos, que “trabalhavam” no campo, recolhiam os
corpos em busca de pertences, dentes de ouro ou objetos nas genitálias. Eram
necessárias vinte e quatro horas para incinerar os corpos.
Obvio que o processo era muito lento, assim valas eram
abertas e os corpos queimados a céu aberto. O cheiro de gordura queimada
percorria quilômetros.
Os trabalhadores eram registrados, despidos, especialmente
para humilhar as mulheres, todos os pelos eram raspados. Existia um sistema de
identificação com objetos geométricos e cores fixadas nos uniformes, eram
identificados de acordo com seus “crimes”: judeu, cigano, homossexual,
politico, criminoso alemão ou simplesmente inconveniente ao regime nazi.
Recebiam uma tatuagem com um numero, porque fotos deixavam de serem uteis
quando todos pareciam esqueletos e números nos uniformes davam muito trabalho
para serem trocados com tanta frequência.
O pijama listrado era a única proteção contra o frio, no
inverno facilmente próximo a -25°C, chuva ou sol. Doze horas de trabalho por
dia, alimentados por um pão podre e um caldo grosso de algo não identificado.
Trabalhos como construir novas barracas, queimar seus
companheiros mortos, algumas fabricas ou no campo, apenas cavando buracos que
serão tampados pelos próximos, era o padrão. Os sortudos trabalhavam separando
os pertences dos falecidos, sob um teto e relativamente pouco exaustivo.
São pouquíssimos os casos de pessoas que sobreviveram mais
que um ano à Birkenau. Alguns meses ou mesmo semanas eram suficientes para
liquidar com a vida.
No auge de suas atividades, por volta 1944, haviam 400 mil
prisioneiros em Auschwitz, 20% menores de quatorze anos. Estima-se que 1,1
milhões de pessoas foram exterminadas, 90% judeus.
Muito bem escrito Mineiro!! falou tudo....
ResponderExcluirEsse lugar eh triste demais... tambem tive a oportunidade de fazer esse passei, e confesso que senti uma das piores sensacoes da minha vida... mas infelizmente isso realmente aconteceu... abraco e Continue sua missao com exito!!