domingo, 18 de dezembro de 2011

Berlin - Jerusalém: Diário #9 Trollada na Turquia


13.12.11


Cheguei 6 horas da matina num hostel , que paguei 20 euros por um banho e 3 horas de sono, mas quem está desesperado não escolhe preço. Eu estava completamente cansado, não dormi na volta até Budapeste e andei mais de 1 hora até achar um lugar pra ficar.
A única coisa importante dessa data foi que tracei minha rota até Istambul. Ficaria muito mais barato ir pra Monique de trem, isso mesmo, voltar pra Alemanha, e de tomar um voo para Turquia.

E assim foi feito, chegando à Bavária, encontrei novamente com meu camarada Fred. Passei a noite na casa dele e no dia seguinte parti para o limite entre a Europa e a Ásia.

14.12.11


Fiz um pedido de sofá no Couch Surfing no grupo URGENT COUCH ISTANBUL. Recebi o convite de um estudante de engenharia, Tolga, logo aceitei, já que o perfil dele me agradou. O problema é que a comunicação via CS é meio lenta, acabei pegando o avião sem todos os detalhes de como chegar à casa dele.

Primeira missão em solo asiático foi achar um ponto de internet, com muita dificuldade e ao custo de um cappuccino horroroso, consegui o telefone de Tolga.
O plano era ir até Taksim, o centro novo de Istambul e ligar para o simpático turco. Assim foi feito, tomei o shuttle, fiz a ligação e combinamos de encontrar na saída da estação de metrô próxima à casa dele.

Bem, antes começar mais uma das minhas grandes aventuras, vou fazer alguns comentários sobre a cidade.

É impressionante o tanto que a parte mais nova de Istambul é parecida com São Paulo, todos os prédios, anúncios, movimento, transito, até mesmo a organização e o urbanismo. Aqui eu finalmente realizei porque gosto tanto de Amsterdã e Berlin, são cidades com movimento, com pessoas nas ruas. Bem diferente de Budapeste, Cracovia, Stuttgart e Bratislava, por exemplo, nessas cidades você encontra movimento, mas em pontos específico, é uma sensação diferente. Não exatamente como definir isso, mas é notável.

Só para não esquecer, ponto para metrô e bondes daqui. Tudo muito novo, limpo, com sinalização em inglês, extremamente fácil de usar e se localizar. Eles têm até um funicular fazendo parte da malha. Pena que é igual no Brasil e você tem que pagar por cada trecho.

Voltando à peripécia, não sei já comentei isso, mas estou com alguns costumes germânicos. Como por exemplo, tomar cerveja praticamente todos os dias e achar que 5 minutos de atraso é uma eternidade. Vou sofrer por isso na terra onde cantam os sabiás, mas também paguei por isso aqui.

Após esperar por 10 minutos e nada de Tolga, parei uma garota que passava e pedi para ele ligar no celular do rapaz. Ela fez isso, entretanto ela não falava muito bem inglês.  A conversa entre eles fluiu e foi um pouco mais longa do que eu imaginava, após alguns minutos, ela estava com endereço dele na mão e me levou até um taxi. A turquinha negociou com o motorista e parti.

Andamos por cerca de 10 minutos e me parecia muito longe da estação, “por que essa cara me mandou praquela estação? isso aqui é longe de mais da conta!”. O dedicado taxista parava e perguntava pra todos o tal do endereço e nada. O bairro foi ficando cada vez mais, mais, digamos, “suspeito”. Eu tava muito nervoso a essa hora, imaginando onde que eu fui me enviar. O taxímetro andando, acrescendo valores e nada do lugar.

Chegou um momento que pedi para o motorista tentar ligar no celular de Tolga. Nada. Então, através de sinais, já que o taxista não falava nenhuma palavra em inglês, pedi para ele me levar de volta à estação, “vou atrás dum hostel, fdp esse Tolga!”. O turco insistiu em ligar mais uma vez, deu certo. A conversa entre os dois foi muito estranha, com umas risadas e caras assustadas. Finalmente passou o telefone para mim, segue um resumo da conversa:
-Cara, eu to aqui no meio de sei lá aonde, como chego na sua casa?
-Quem é você? Você é o cara que me ligou a 1h atrás? Alemão, loiro?
-Sou eu uai, pedi até pra uma menina te ligar.
-Menina? Tá doido, ninguém me ligou não.
-Ligou mofí! Ai você deu o endereço pra ela.

Bem, já deu pra ter uma noção do que rolou. Depois de muitos “WTF?!”, 25 minutos passeando de taxi e 40 reais, voltei pra a estação e encontrei Tolga.

Veja nossa versão da historia: A doida da menina ligou pro número errado, o louco do turco do outro lado da linha deu o endereço pra ela. COMO ASSIM? Uma pessoa te liga aleatoriamente pede o seu endereço e você simplesmente dá? Como a historia se encaixou, eu não tinha como duvidar.

Chegamos à casa de Tolga. Ele preparou o melhor shisha que eu já fumei na vida, usou até carvão de carvalho e um fumo artesanal com maçã. Todo processo demorou uns 30 minutos, fumamos e tomamos chá por mais de 2 horas, conversando sobre essa loucura que aconteceu, futebol, sobre o Brasil, sobre a Turquia, enfim, um rapaz muito simpático e hospitaleiro. Senti-me em casa.

Um comentário:

  1. Hahaha. É verdade, aquela área de Taksim lembra São Paulo também. Mau de países novos-ricos. :)

    ResponderExcluir